No Havaí ()

O que será que Lutz foi fazer em um arquipélago no meio do Pacífico? Bem, ele desembarcou em Honolulu, capital do Havaí, no dia 15 de novembro de 1889 para trabalhar no tratamento da lepra hoje conhecida como . Nas ilhas, uma de suas distrações prediletas era fazer excursões para estudar a flora e a fauna do lugar. Aproveitou para pesquisar sobre verminoses de humanos e de animais. Investigou especialmente os existentes nas diferentes partes das ilhas onde havia criação de carneiros. Anos mais tarde, essas observações dariam origem a uma de suas maiores contribuições à zoologia médica no Brasil: a pesquisa sobre o Schistosoma mansoni e os moluscos transmissores da .

O trabalho no leprosário

Leprosário era o lugar destinado a tratar os doentes de lepra, que deveriam ficar isolados do convívio com outras pessoas.

Lutz trabalhou num leprosário que ficava na ilha havaiana de Molokai. Acabou se destacando no cuidado com os doentes, porque não tinha receio de contrair a doença. Ficava perto deles tranqüilamente.

Confusões no leprosário

Mas nem todos os dias de Lutz no leprosário foram tranqüilos. Veja só... Pelas leis do Havaí, os leprosos deveriam trabalhar nos hospitais onde estavam recolhidos para pagar a própria estadia e as despesas do isolamento. Adolpho Lutz era contra tudo isso, e os maiores movimentos em oposição a essa prática no Havaí foram feitos quando ele estava morando lá, por volta de 1890.

Em setembro do mesmo ano, Lutz não quis mais trabalhar no leprosário e pediu sua demissão, pois não concordava com a direção do lugar. Mas ele não deixou de atender aos doentes, manteve uma clínica particular em Honolulu e deu prosseguimento às pesquisas sobre a lepra e outros assuntos até meados de 1892.

No início de 1893 Adolpho Lutz retornou ao Brasil, inaugurando uma nova fase de sua carreira – e talvez a mais importante –, como diretor do Instituto Bacteriológico de São Paulo.

Amor havaiano

Havaí 1891

Amy Marie Gertrude Fowler – era este o nome verdadeiro daquela que seria a esposa de Adolpho Lutz. A jovem inglesa não tinha a menor intenção de se casar, tanto que, aos 25 anos, tornou-se irmã leiga da Ordem Terceira de São Domingos, adotando o nome de Rose Gertrude. Sua família era protestante, mas ela havia se convertido ao catolicismo. Rose foi morar em Londres e lá fez um curso de enfermagem. Em seguida, passou uma temporada num convento em Paris e estudou microbiologia no Instituto Pasteur. Ao regressar a Londres, ela soube que estavam precisando de enfermeiras nos hospitais de leprosos do Havaí. Escreveu então à Sociedade Britânica de Assistência aos Lázaros – como eram chamados os doentes contaminados pela lepra – oferecendo-se como enfermeira voluntária. O Conselho de Saúde do Havaí aceitou os seus serviços e ainda prometeu-lhe casa, cavalo, comida e criada, além de salário mensal e certa quantia para despesas de viagem.

Em fevereiro de 1890, Rose chegou ao Havaí e, um mês depois, fez sua primeira visita a Molokai. Lá, ela conheceu Adolpho Lutz e se encantou pelo jovem médico brasileiro, tornou-se seu braço direito na assistência aos doentes e seu par inseparável. Eles se casaram em 11 de abril de 1891, numa cerimônia simples celebrada por um pastor da Igreja da União Central de Honolulu.

Foto do casamento de Adolpho Lutz