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Combate ao cólera

Oswaldo Cruz

Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em 5 de agosto de 1872 em São Luís de Paraitinga, São Paulo, filho do médico Bento Gonçalves Cruz e de Amália Bulhões Cruz. Ainda criança, mudou-se para o Rio de Janeiro. Aos 15 anos, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, em 1892, formou-se doutor em Medicina com a tese A veiculação microbiana pelas águas. Quatro anos depois, especializou-se em bacteriologia no Instituto Pasteur de Paris. Em 1899, o porto de Santos foi alcançado pela pandemia de peste bubônica, e o jovem bacteriologista, que já dera provas de seu talento na campanha contra o cólera no Vale do Paraíba, foi mobilizado para dar combate à doença no principal porto de exportação de café do país. Face à ameaça de chegar a peste ao Rio de Janeiro, foi criado, a 25 de maio de 1900, o Instituto Soroterápico Federal, com o objetivo de fabricar soro e vacina antipestosos, tendo como diretor-geral o Barão de Pedro Afonso, e como diretor técnico, Oswaldo Cruz. Em 1902, este assumiu a direção plena do novo Instituto e ampliou suas atividades. Além de aumentar o número de imunobiológicos fabricados, deu início à pesquisa básica e aplicada e à formação de recursos humanos.

No ano seguinte, no governo de Francisco de Paula Rodrigues Alves, foi nomeado diretor-geral de Saúde Pública. Utilizando o Instituto Soroterápico Federal como base de apoio técnico-científico, deflagrou suas memoráveis campanhas de saneamento na capital da República, concomitantes à reforma urbana conduzida pelo prefeito Francisco Pereira Passos e por outros engenheiros do governo. A principal adversária de Oswaldo Cruz foi a febre amarela, que angariara para o Rio a reputação de túmulo dos estrangeiros, e que ceifaria a vida de quatro mil imigrantes, de 1897 a 1906.

Oswaldo Cruz deflagrou, também, a campanha contra a peste bubônica. Esta previa a notificação compulsória dos casos, isolamento e aplicação do soro fabricado em Manguinhos nos doentes, vacinação nas áreas mais problemáticas, como a zona portuária, e o extermínio dos ratos, cujas pulgas transmitiam o bacilo causador da doença. Em poucos meses, diminuiu sua incidência no Rio de Janeiro.

Em 1904, a varíola tornou a grassar na cidade. Somente nos cinco primeiros meses daquele ano, 1.800 pessoas foram internadas no Hospital São Sebastião. Embora uma lei prevendo imunização compulsória das crianças contra a doença estivesse em vigor desde 1837, nunca fora cumprida. Em 29 de junho de 1904, o governo enviou ao Congresso projeto reinstaurando a obrigatoriedade de vacinação antivariólica, com cláusulas draconianas que incidiam sobre todos os domínios da vida social. A eclosão da Revolta da Vacina, em novembro daquele ano, impediu a regulamentação da lei. Em 1908, violenta epidemia de varíola levaria a população em massa aos postos de vacinação.

Em 1907, a febre amarela deixou de produziu vítimas no Rio de Janeiro, depois de seis décadas de surtos anuais quase ininterruptos. Naquele mesmo ano, a delegação chefiada por Oswaldo Cruz recebeu a medalha de ouro pelo trabalho de saneamento do Rio de Janeiro no âmbito do XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia, realizado em Berlim.

Em 1909, o sanitarista deixou a diretoria-geral de Saúde Publica e passou a se dedicar apenas ao Instituto de Manguinhos, que fora rebatizado com o seu nome no ano anterior. Organizou importantes expedições cientificas ao interior do Brasil, chefiou campanha igualmente bem-sucedida contra a febre amarela em Belém, capital do Pará, bem como o saneamento dos canteiros de obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, na Amazônia, cuja construção quase fora interrompida devido ao grande número de mortes por doenças (malária, sobretudo) entre os operários.

Em 1913, Oswaldo Cruz foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Dois anos depois, por motivo de saúde, abandonou a direção do Instituto Oswaldo Cruz e mudou-se para Petrópolis, assumindo, em 18 de agosto de 1916, a prefeitura daquela cidade serrana. Não pôde concretizar o plano de urbanização que concebeu para ela. Sofrendo de crise de insuficiência renal, faleceu na manhã de 11 de fevereiro de 1917, com apenas 44 anos de idade.

Caso o leitor queira saber mais sobre este personagem fundamental da saúde pública brasileira, sugerimos que visite a Biblioteca Virtual Oswaldo Cruz.