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Novos trabalhos em dermatologia

A esporotricose

Em 1907, Adolpho Lutz e Alfonso Splendore publicaram o artigo “Über eine bei Menschen und Ratten beobachtete Mykose”, sem dúvida uma das mais importantes investigações apresentadas ao 6º Congresso Médico Brasileiro realizado naquele ano em São Paulo. Os autores investigaram uma micose que se manifestava em homens e ratos, denominada esporotricose, cujo organismo causador era difícil de ser identificado. No homem, a doença é causada por mordida de rato. Depois do primeiro caso de esporotricose observado em 1902, Lutz e Splendore trataram de mais quatro casos e lograram curar todos com iodeto de potássio. O artigo trazia a primeira descrição de Sporotrichum schenkii no Brasil, e o desvendamento de sua estrutura microscópica continua a ter valor taxonômico. Esse trabalho era avançado para a época, tanto que, em 1905, quando Lutz relatou seus casos na Europa, por meio de preparados e fotografias, outros investigadores importantes, mesmo os do Instituto Pasteur, desconheciam esse fungo e a doença.

O trabalho compõe-se de duas partes. Na parte geral, são descritas detalhadamente as características da cultura do fungo causador da esporotricose. Os autores reproduziram a infecção micótica por inoculação e por ingestão de culturas, empregando, ao todo, 39 animais nas experimentações. Na parte especial, redigida por Splendore, encontra-se minucioso estudo morfobiológico do Sporotrichum feito em diversos meios de cultura, em diferentes temperaturas e com variação no tempo de incubação.

À época, a bibliografia especializada era escassa e não havia coleções de culturas que fornecessem material certificado para confirmação e identificação dos isolados obtidos. O trabalho pioneiro de Lutz e Splendore ensejou diversos estudos e relatos concernentes à doença no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, na Bahia e em Pernambuco. Oswaldo Cruz, em viagem ao Acre, foi um dos que descreveram casos observados.