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escoberto
por Leiper, em 1915, o ciclo evolutivo do Schistosoma
mansoni não tinha sido ainda estudado em
detalhe. O primeiro a fazê-lo foi Adolpho Lutz; depois,
atraiu a atenção de Faust e Hoffman (1934). Devem-se
ao cientista brasileiro as primeiras observações
minuciosas sobre a penetração do miracídio
do S. mansoni no molusco, as condições
que a favorecem, os pontos em que preferencialmente se dá,
a reação que provoca nos tecidos dos caramujos,
a formação dos esporocistos de primeira e segunda
geração, e a migração destes para
as vísceras do hospedeiro, onde ocorre o aparecimento das
cercárias.
Lutz estudou o ovo do S. mansoni e descreveu com igual
minúcia o embrião, ou miracídio, em seu interior
e, após a eclosão do ovo, seu comportamento no meio
ambiente. Verificou que os ovos do S. mansoni nem sempre eclodem
logo que entram em contato com a água doce, como ocorre
com os do S. heamatobium. Essa observação,
confirmada depois por Brumpt, levou à modificação
de noções clássicas sobre o determinismo
da eclosão dos ovos dos esquistossomos.
Lutz revelou dados que passaram despercebidos a outros pesquisadores
e fez observações controversas. A principal dizia
respeito às primeiras fases evolutivas do helminto em seu
hospedeiro intermediário. Para Lutz, o esporocisto-mãe,
oriundo de modificações sofridas pelo miracídio,
desenvolve-se perto do ponto de penetração deste,
embaixo dos tegumentos do molusco. O desenvolvimento dos esporocistos
produz pequenos tumores nos tentáculos do caramujo. A visualização
desses tumores permite saber quais moluscos estão infectados,
vinte dias ou mais após a infestação. Lutz
observou, ainda, que os esporocistos da primeira geração
não têm movimentos; os esporocistos-filhos, formados
a partir das células germinativas dos primeiros, é
que são dotados de movimentos, quando completamente formados,
constituindo-se em massas alongadas, curtas e grossas. Migram
então para as vísceras do caramujo, onde se fixam
e dão nascimento às cercárias.
A formação de tumores nos tentáculos do caramujo
foi observada também por Iturbe-Gonzalez, mas outros autores
não discerniram o fenômeno. Faust e Hoffman não
o notaram, e interpretaram de outro modo a evolução
larvária do S. mansoni, atribuindo ao esporocisto-mãe
a capacidade de migrar para as vísceras do molusco. Em
1940, Brumpt, decidido a esclarecer os pontos controversos, repetiu
essas pesquisas e confirmou as observações de Lutz
sobre as lesões tentaculares de Planorbis glabratus.
Em 1947, Maldonado e Acosta Matienzo, com técnica moderna,
descreveram a evolução larvária do S. mansoni
de forma quase idêntica à do cientista brasileiro.
Em seus estudos, Lutz assinalou, ainda, as condições
de temperatura e iluminação que favorecem a saída
das cercárias, a morfologia, os movimentos e as condições
de sobrevida das larvas. Obteve, também, infestação
experimental em roedores, o que facilitou o estudo da evolução
da doença que o parasito ocasionava em cobaias e seres
humanos.
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