Médico da Roça

Galinha

Ao chegar da Suíça, Lutz tentou morar em Petrópolis, cidade da região serrana do Rio de Janeiro, mas acabou indo viver em Limeira, São Paulo, em 1882, onde estava sua irmã Helena.

Lutz ficou lá até 1885. A cidade tinha cerca de quatro mil habitantes – entre eles, vários suíços e alemães. Eles cultivavam café, cana-de-açúcar e cereais de variados tipos.

Anos depois, recordando seu tempo em Limeira, Lutz contou, de forma bem-humorada, as dificuldades que teve para organizar sua casa na cidade, achar uma empregada que cozinhasse mais ou menos bem, ensiná-la alguns pratos europeus... Relembrou ainda que tinha uma galinha da qual gostava muito, mas que foi roubada um dia, quando ele estava no consultório.

Por falar em consultório, como médico, Lutz conquistou o respeito dos moradores da cidade. Sempre era chamado para atender nas fazendas. E ficava chocado com a maneira como os escravos eram tratados. Na primeira vez que fez um atendimento desse tipo, por exemplo, Lutz ficou indignado porque o trabalhador estava deitado no chão, reação que espantou o proprietário. Então, passou a usar uma outra estratégia: quando era chamado às fazendas, dizia que, se o escravo era de valor, ele podia examiná-lo, mas era preciso colocar o doente em uma cama e lhe dar um cobertor. E, se o escravo tinha valor, era preciso tratá-lo bem. Tudo para garantir que ele fosse atendido com dignidade.

Em Limeira, Lutz realizou importantes pesquisas e estudou vermes que contaminavam o homem. Além disso, abriu caminho para o estudo, no Brasil, de doenças que atingiam os animais, área que foi o primeiro a explorar.