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urante
a primavera e o verão de 1877, Adolpho Lutz dedicou-se
à coleta de material sobre a fauna Cladocera dos lagos
e cursos d’água de Berna, publicando seu primeiro
artigo nos Anais da Sociedade de Ciências Naturais de
Berna. O interesse por microcrustáceos havia aumentado
consideravelmente na segunda metade do século, após
a descoberta da relevante função que desempenhavam
na cadeia alimentar da fauna de água doce e do mar, surgindo
os primeiros trabalhos de pesquisadores dos cladóceros.
Em suas coletas diurnas e noturnas, Lutz pôs em prática
a experiência adquirida anteriormente como naturalista amador
e usou todas as técnicas conhecidas para recolher tanto
animais de fundo como os pelágicos, encontrando nos diferentes
habitats pesquisados 42 espécies pertencentes
a 19 gêneros. Uma não se encaixou nas descrições
existentes na bibliografia por ele consultada, motivo pelo qual
Lutz a descreveu como espécie nova da família dos
linceídeos, denominando-a Alona verrucosa.
Mas seu estudo não se limitou à sistemática
dos cladóceros. Lutz observou hábitos de vida, reprodução,
habitat, disseminação, predadores, parasitas
e simbiontes dos microcrustáceos. A inclinação
darwinista de Lutz e sua adesão ao conceito de seleção
natural ficam evidenciadas quando aborda a dispersão e
adaptação daqueles animais.
Em Leipzig, Lutz deu continuidade ao estudo dos cladóceros,
o que resultou em sua segunda publicação. Naquela
cidade lecionava Leuckart, que o incentivou na pesquisa e apresentou
seu trabalho à Sociedade de Ciências Naturais de
Leipzig. Lutz fez as coletas de cladóceros
nas horas vagas, nos meses de outubro de novembro de 1877 e no
verão de 1878. A exigüidade de tempo só lhe
permitiu realizar pequena amostragem nos locais visitados, e por
isso considerou seu trabalho incompleto. Mesmo assim, conseguiu
coletar 35 espécies pertencentes a 16 gêneros, sendo
designada por ele uma nova variedade de Daphnia hyalina.
Lutz descreveu, ainda, pela primeira vez, o macho da espécie
Alona acanthocercoides Fischer.
Usou os conceitos darwinistas ao analisar a formação
de efípios e machos em espécies partogenéticas,
assim como a relação destes com os fatores externos.
Segundo Lutz, tal propriedade parecia ter sido adquirida por algumas
espécies mediante seleção natural.
Fascinado pelos pequenos crustáceos, Lutz chegou a retomar
o estudo dos cladóceros enquanto aguardava o início
de seu trabalho como médico assistente no Hospital Cantonal
de St. Gallen.
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