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dolpho
e Amy Lutz desembarcaram na capital brasileira em janeiro de 1893.
Logo que chegaram, foram informados do falecimento de Mathilde
Oberteuffer Lutz, mãe de Adolpho, em 11 de janeiro daquele
ano. Gustav, o pai, falecera em 22 de julho de 1891, quando ele
ainda se achava no Havaí.
O casal permaneceu algumas semanas no Rio de Janeiro e decidiu
fixar residência em São Paulo. Na capital paulista
nasceriam os dois filhos de Adolpho e Amy, Bertha Maria Júlia
(2.8.1894), que viria a ser naturalista do Museu Nacional, e Gualter
Adolpho (3.5.1903), futuro professor catedrático de medicina
legal da Faculdade Nacional de Medicina (Universidade do Brasil).
Em 18 de março de 1893, Adolpho
Lutz foi nomeado subdiretor do Instituto
Bacteriológico, uma das repartições
do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo,
criada em julho do ano anterior. A direção do Instituto
fora entregue a Felix
Alexandre le Dantec, médico que obtivera considerável
projeção nas hostes pasteurianas em larga medida
graças a seus estudos sobre febre amarela. Sua passagem
pelo Bacteriológico foi, no entanto, pouco produtiva, tendo
ele retornado à Europa em abril de 1893, apenas quatro
meses após a nomeação.
A pequena equipe
liderada por Adolpho Lutz, formada, a princípio, por três
ajudantes e dois serventes, teria de dar cabo de pesadas incumbências:
preparação de vacinas; exame de substâncias
destinadas a fins higiênicos e terapêuticos; investigações
em microscopia e bacteriologia relacionadas não apenas
às epidemias e epizootias que irrompessem no estado como
às solicitações de clínicos em dúvida
sobre o diagnóstico dos padecimentos de seus pacientes.
Efetivado no cargo de diretor do Instituto Bacteriológico
somente em 18 de setembro de 1895, Adolpho Lutz exerceu-o por
15 anos, até transferir-se para o Instituto Oswaldo Cruz,
no Rio de Janeiro, em novembro de 1908. A instituição
paulista funcionou em salas e prédios adaptados, em caráter
provisório, até outubro de 1896, quando foi transferida
para prédio construído ao lado do Hospital do Isolamento.
Com isso, Lutz pôde resolver a maior dificuldade que ele
e seu pessoal enfrentavam: a falta de um hospital onde pudessem
realizar autópsias, firmar diagnósticos, apurar
estatísticas e testar as medidas mais adequadas para profilaxia
e tratamento de doenças infecciosas.
Junto com seus auxiliares, Adolpho Lutz realizou investigações
de grande relevância sobre as doenças infecciosas
que grassavam endêmica ou epidemicamente no estado, e enfrentou
duras controvérsias com a parcela majoritária do
campo médico e com outros atores sociais. O Bacteriológico
participou da instauração, no país, de laboratórios
para a fabricação de soro e vacina contra a peste
bubônica: inaugurou um na fazenda Butantan, atual Instituto
Butantan, ao mesmo tempo em que se criava no Rio de Janeiro um
laboratório soroterápico congênere na fazenda
de Manguinhos. Paralelamente, Lutz dava continuidade a investigações
em campos da zoologia médica que já o atraíam,
por vezes a partir de demandas externas, como a que resultou em
seus estudos sobre o mal de cadeiras.
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