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dolpho
Lutz foi um colecionador incansável, desde menino. Coletou
espécimes para si ou para outros pesquisadores, formando
conjuntos diversos de insetos, helmintos, répteis, anfíbios
etc. Ao mesmo tempo, acumulava extensa documentação
manuscrita e, a partir de certa época, datilografada: cartas,
relatórios, protocolos, anotações etc.
A organização desse arquivo foi uma tarefa a que
Bertha se dedicou desde a morte do pai. O mesmo aconteceu com
as coleções científicas, por razões
que não se restringiam à rememoração.
Além de constituírem lugar ou suporte importante
de memória, as coleções serviram de lastro
ao início da carreira independente de Bertha como zoóloga
oficialmente ligada ao Museu Nacional, e, oficiosamente, ao laboratório
de Adolpho Lutz, no Instituto Oswaldo Cruz.
As coleções foram objeto de copiosa correspondência
nas décadas de 1940 e 1950, campo em que Bertha teve em
Heloísa Alberto Torres, diretora do Museu Nacional, uma
grande aliada. Em 1941, esta a autorizou a estudar o material
coligido por Adolpho Lutz, a zelar por ele e a realizar excursões
para o melhor desempenho daqueles estudos. Todo o material coletado
daquela data em diante deveria, entretanto, ser incorporado ao
patrimônio do Museu Nacional. Guardiã oficial das
coleções de Adolpho Lutz, Bertha obteve também
o apoio de Lauro Travassos, chefe da Divisão de Zoologia
Médica do Instituto Oswaldo Cruz. Receoso de que as coleções
de Lutz se perdessem, conseguiu autorização para
que Bertha cuidasse delas, podendo assim ocupar por muitos anos
o laboratório que fora do pai em Manguinhos.
Em 1962, na gestão de Herman Lent como chefe da Divisão
de Zoologia do IOC, Bertha Lutz precisou deixar essa sala, tendo
sido nomeada, na ocasião, uma comissão técnica
para arrolar o material existente no laboratório e proceder
à divisão dos espécimes pertencentes ao Museu
Nacional e a Manguinhos. Decidiu-se que a coleção
de vertebrados ficaria sob a guarda da primeira instituição,
sendo a sua transferência oficializada em 17 de junho de
1963.
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