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viagem
de Adolpho Lutz e Oswino Penna ao Nordeste do Brasil teve por
objetivo obter informações sobre a prevalência
do Schistosomum mansoni e sobre as condições
reinantes nos focos
de infecção. A
viagem durou três meses: embarcaram no Rio de Janeiro em
3 de agosto de 1918 e retornaram em 2 de novembro, depois de cobrirem
entre 3 e 4 mil quilômetros. Navegando pela costa chegaram
a Recife; depois, por estrada de ferro, viajaram para o Rio Grande
do Norte, o estado mais distante que pretendiam visitar. Iniciaram,
então, a viagem de volta, sempre em direção
Norte-Sul, por Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe até
a capital da Bahia, onde concluíram os estudos. Em Salvador
embarcaram com destino ao Rio de Janeiro.
Os cientistas começaram por visitar as escolas de aprendizes
marinheiros que já haviam fornecido dados a Penna e material
de estudo para Lutz. Com as indicações obtidas aí,
após exame de todos os aprendizes, partiram em busca dos
focos existentes no interior. Realizaram numerosos exames em doentes
e em pessoas com aparência de boa saúde a fim de
chegar a uma apreciação do quociente de infecção
e dos sintomas produzidos. Nos focos de infecção
procuraram os moluscos transmissores, verificando as espécies
e a proporção de infecções naturais.
As cercárias obtidas foram utilizadas em experiências
com animais. Atendendo ao fim principal da viagem, os cientistas
realizaram outros estudos de patologia local, especialmente de
moléstias parasitárias e de zoologia médica.
O relatório publicado pelos cientistas compreende três
partes. A primeira traz a descrição dos objetivos
da expedição. A segunda é o extrato do diário
de Adolpho Lutz, que ocupa a maior parte do trabalho. A última
parte, redigida por Penna, presta contas dos exames relativos
à freqüência do Schistosomum mansoni
nos estados percorridos (Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Sergipe e Bahia). Apresenta tabela com estatísticas
de freqüência por estado, sendo notável o pequeno
percentual de casos de esquistossomose no Rio Grande do Norte
e na Paraíba.
Os cientistas também recolheram informações
sobre outras doenças: peste bubônica (meia dúzia
de casos), febre amarela, malária (endêmica em alguns
pontos, podendo resultar em epidemias, como a de Alagoinhas, na
Paraíba) e ancilostomíase – esta uma “verdadeira
calamidade” nos estados visitados, nos quais 70% dos habitantes
eram ancilostomados e os restantes portadores.
A viagem rendeu ainda estudos sobre os Planorbis brasileiros
e sobre os trematódeos encontrados
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