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dolpho
Lutz, Heráclides César de Souza Araújo e
Olímpio de Fonseca Filho publicaram extenso relato de sua
viagem
científica ao rio Paraná e a Assunção,
passando por Buenos Aires, Montevidéu e Rio Grande, de
janeiro a março de 1918. Em São Paulo foram feitos
os últimos preparativos e, de lá, os cientistas
partiram em direção ao rio Paraná. A primeira
parte do relato, baseada nos diários e Lutz e Souza Araújo,
traz anotações do que fizeram ou observaram praticamente
a cada dia: flora e fauna, hospitais, repartições
de higiene, laboratórios, observações geológicas,
históricas e climáticas, hábitos e costumes
das populações ribeirinhas. Durante o percurso,
os expedicionários examinaram vários doentes, contataram
médicos e cientistas das regiões visitadas e coletaram
toda sorte de espécimes.
Após os diários, que ocupam apenas 20% do texto
completo, inicia-se o relatório sobre “Clima e estado
sanitário”, escrito por Souza Araújo. O primeiro
capítulo trata do clima, com dados meteorológicos
coletados entre a foz do rio Tietê, início da viagem,
e a foz do rio Iguaçu, na fronteira com a Argentina, trecho
ao longo do qual não encontraram nenhuma estação
meteorológica que os pudesse auxiliar. Em algumas localidades,
como a vila do Guaíra, obtiveram com os moradores informações
mais detalhadas que são transcritas no relatório.
O capítulo seguinte dessa parte do relatório é
mais extenso e trata do estado sanitário da região
percorrida, com observações sobre a incidência
de impaludismo e ancilostomíase, doença de Chagas,
malária, leishmaniose, verminoses, bouba e lepra, entre
outras doenças. Para facilitar a compreensão da
geografia médica da região, esta foi dividida em
cinco partes: Bauru e Noroeste; Alto Paraná; Baixo Paraná;
Paraguai, Argentina e Uruguai; Rio Grande do Sul, Santa Catarina
e Paraná. Os cientistas levaram um pequeno laboratório
aparelhado para exames microscópicos, remédios para
serem distribuídos gratuitamente e instrumentos para medicina
e cirurgia de urgência.
O relatório traz outro capítulo dedicado a temas
de protozoologia e planctologia, com dados que foram coletados
para servir de insumos a futuros trabalhos originais. Os mais
importantes diziam respeito a protozoários parasitas do
homem e de outros animais e a amostras de plâncton marítimo
colhidas desde as costas setentrionais do Uruguai até as
de Santa Catarina. Os expedicionários chegaram a colecionar
59 espécies, muitas das quais ainda não classificadas.
O relatório traz ainda observações entomológicas
realizadas durante a navegação, com informações
mais detalhadas sobre dípteros sugadores de sangue (principalmente
Culicidae e Simuliidae), listagem da distribuição
faunística dos tabanídeos por áreas –
Porto Tibiriçá, Porto Mojoli, Puerto Bertoni, região
de Iguassu, região de Assunção, região
das Missões, Uruguai, Santa Catarina, litoral e serra costeira
do Paraná.
Por fim, o trabalho traz notas zoológicas (mamíferos,
aves, répteis, peixes, crustáceos, insetos e moluscos)
e botânicas sucintas, além da lista de 103 fotografias
que acompanham o trabalho.
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