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período em que Adolpho Lutz viveu em Limeira, tinham cessado
já as experiências de parceria que levaram às
sublevações de imigrantes
suíços forçados a conviver com
a escravidão e, em certa medida, a se sujeitar a ela nas
fazendas de café, sublevações tão
bem descritas pelo mestre-escola Thomas Davatz em Memórias
de um colono no Brasil. A substituição do trabalho
escravo pelo assalariado do imigrante europeu recomeçara
em outras bases
.
Davatz era suíço e emigrou para o Brasil em 1855,
contratado para trabalhar na fazenda da Ibicaba, do Senador Vergueiro.
Tinha vindo disposto a economizar para adquirir um pedaço
de terra. Desentendimentos entre Vergueiro e os colonos suíços
levaram esses últimos à revolta, da qual Davatz
foi um dos líderes. O levante foi dominado pela polícia
e Davatz pôde voltar ao seu país. No ano seguinte,
publicou seu volume de memórias narrando a revolta e contando
as condições de vida na fazenda. Bastante parcial,
é o único depoimento produzido do ponto de vista
dos revoltosos.
Diferentemente de outras províncias brasileiras, São
Paulo adotou sempre o modelo da colonização dirigida,
implementada sobretudo por particulares. No caso dos imigrantes
suíços e alemães que se fixaram em São
Paulo entre 1827 e 1860, aproximadamente, a adaptação
foi dificultada pelas diferenças de hábitos alimentares,
de costumes e de orientação religiosa, pois a maioria
deles era protestante e, à época, não havia
liberdade de culto no Brasil.
O modelo de parceria, cujo exemplo mais importante é o
da fazenda do Senador Vergueiro, chegou em certo momento a ser
adotado em quase todas as principais fazendas de café em
São Paulo. Com a revolta, as colônias de parceria
praticamente desapareceram. Posteriormente, outros sistemas foram
tentados, como pagamento por alqueire, até finalmente ser
adotado o salário mensal fixo.
Davatz dividiu seu livro em três partes. A primeira, mais
breve, fornece esclarecimentos prévios e necessários
sobre as condições de vida no Brasil: aspectos,
condições, usos e costumes do país. A segunda
disserta sobre o tratamento dos colonos na província de
São Paulo, mostra como foram tratados na chegada ao porto
de Santos, como lhes foram fornecidos alimento, trabalho, habitação
etc., traçando um quadro da vida dos emigrantes. A terceira
relata a sublevação dos colonos contra seus opressores.
Ao final, Davatz anexou diversos documentos importantes sobre
o sistema de parceria e as ações e reivindicações
dos revoltosos.
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