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origens da Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro (FMRJ)
remontam à transferência da Corte Real Portuguesa
para o Brasil, em 1808. Nesse mesmo ano, D. João VI fundou
os cursos médico-cirúrgicos no Rio de Janeiro e
em Salvador, entre outras providências destinadas a aparelhar
a colônia que, em 1815, seria elevada à condição
de Reino Unido a Portugal e Algarves.
A Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do
Rio de Janeiro foi instalada no Hospital Real Militar, no morro
do Castelo. O curso, de quatro anos de duração,
era regido pela Universidade de Coimbra, Portugal.
Em 1813, as escolas do Rio e de Salvador transformaram-se em Academias
Médico-Cirúrgicas. Seu novo regulamento garantia
aos profissionais aqui formados o direito de exercer a medicina,
atribuição até então monopolizada
pelos médicos educados em Portugal. Em 1826, os diplomas
passaram a ser concedidos pelas próprias Academias e não
mais pela Universidade de Coimbra.
Dez anos após a independência política do
Brasil, em 1832, as Academias Médico-Cirúrgicas
converteram-se em Faculdades de Medicina, seguindo o modelo das
instituições francesas de ensino superior. O curso
teve sua duração ampliada para seis anos e passou
a formar médicos, farmacêuticos e parteiras. A preocupação
em elevar o nível da formação acadêmica
tornou obrigatória a defesa de tese para a obtenção
do título de “doutor em medicina”, exigência
que seria abolida em 1911.
A partir de 1884, na gestão do Visconde de Sabóia
(1880-1889), o ensino médico passou por ampla reforma.
Seu principal aspecto foi a introdução de novas
disciplinas e seu ensino prático, rompendo-se com o predomínio
do ensino retórico. As novas tendências da medicina
européia, a ênfase na experimentação,
a valorização do laboratório e o impacto
das teorias de Louis Pasteur começaram a se fazer presentes
na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Não obstante
a cadeira de Bacteriologia tenha sido criada somente em 1901,
a abertura para a pesquisa científica em laboratórios
redundou em estímulo ao estudo das doenças peculiares
ao Brasil e das questões sanitárias consideradas
estratégicas para o desenvolvimento nacional.
A reforma realizada por Sabóia introduziu também
uma série de medidas liberalizantes, tais como a freqüência
livre às aulas, a realização de cursos não
oficiais nos recintos da faculdade e a permissão para a
matrícula de mulheres. Com a proclamação
da República em 1889, vários aspectos da reforma
foram revistos ou suprimidos, provocando crises que se prolongaram
pelas primeiras décadas do século XX. Depois de
funcionar em vários endereços, a Faculdade de Medicina
do Rio de Janeiro instalou-se, em 1918, num prédio construído
na Praia Vermelha especialmente para sediá-la e no qual
permaneceria até 1973, quando foi transferida para o campus
universitário da Ilha do Fundão.
Com a criação, em 1920, da Universidade do Rio de
Janeiro, a Faculdade de Medicina passou a integrá-la, juntamente
com a Faculdade de Direito e a Escola Politécnica. Em 1937,
a reforma promovida por Getúlio Vargas transformou a Universidade
do Rio de Janeiro em Universidade do Brasil, e a Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro em Faculdade Nacional de Medicina.
Quando, em 1965, a Universidade do Brasil foi transformada na
Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Faculdade de Medicina
deixou de ter em sua denominação o termo “nacional”.
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