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mesmo de se iniciar a reforma do ensino médico nas escolas
de medicina do Rio de Janeiro e Salvador, na década de
1880, já eram divulgadas no Brasil as idéias pasteurianas.
A própria Academia Imperial de Medicina, que tinha jurisdição
sobre as questões doutrinais e normativas aplicáveis
à arte de curar e à higiene, passou por uma recomposição
profunda de seu perfil. Em 1882, deixou de celebrar a sessão
magna, aquela em que as autoridades, muitas vezes o Imperador,
vinham escutar, através de variadas fórmulas retóricas,
a celebração do pacto entre o Estado, detentor do
poder, e a corporação que lhe fornecia as luzes
da ciência. No ano seguinte, interrompeu-se a rotina das
reeleições para os cargos dirigentes. Renunciou
o dr. José Pereira Rego, o venerando barão do Lavradio.
Admitido em 1840, exercera a presidência por 19 anos, assegurando
a ligação umbilical da Academia com a Junta Central
de Higiene Pública, que chefiou, também, de 1863
a 1881.
Seu afastamento da presidência de ambas as instituições
demarca o ocaso de uma geração que cultuava o ecletismo
e resistia às inovações que agitavam o cenário
científico internacional, ascendendo uma nova geração
comprometida com a idéia de que a experimentação
era a base do progresso da medicina. Outros indícios reforçam
tal suposição. De um lado, faleceu Luiz Vicente
De-Simoni (1882), último representante da geração
que fundara a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro (30 de junho
de 1829). De outro, ingressaram quase simultaneamente João
Batista de Lacerda, Domingos Freire, José Maria Teixeira
e outros médicos que se destacavam no estudo dos micróbios
ou nas novas especialidades clínicas e cirúrgicas
que eram introduzidas no Brasil.
Durante a reforma, as escolas de medicina do Rio e de Salvador,
que reuniam cerca de mil alunos, dois terços dos quais
na capital do país, foram providas de novos auditórios,
salas de preparação e laboratórios para o
ensino prático de disciplinas já existentes ou recém-introduzidas.
Representaram considerável progresso em relação
à realidade anterior e colocaram o Brasil em relativa sintonia
com as inovações em curso na medicina e em outras
ciências ligadas ao estudo da vida.
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