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a primeira metade do século XIX, as disciplinas ligadas
à história natural nos países de língua
alemã, voltadas essencialmente para a taxonomia, eram ministradas
nas faculdades de filosofia ou de ciências naturais e matemática.
Nas escolas de medicina, um único professor encarregava-se
de ensinar zoologia, anatomia, anatomia comparada e fisiologia,
com enfoque direcionado mais para os estudos da forma e desenvolvimento
do que para a sistemática e outros aspectos da história
natural.
Ligada às escolas de medicina, começou a surgir
nessa época uma nova geração de biólogos
interessados no estudo dos processos funcionais. Os praticantes
dessa “nova biologia” aplicavam as técnicas
microscópicas recém-desenvolvidas às investigações
zoológicas e botânicas, associando a morfologia ao
estudo da história de vida de grupos e espécies,
incluindo sua anatomia comparada, embriologia, fisiologia e histologia.
Por trás dessas buscas estava a concepção
materialista, cuja aceitação pela maioria dos cientistas
alemães favoreceu em grande medida a difusão da
teoria de Darwin entre os países de língua germânica
a partir de 1859.
A tríade “forma, função e transformação”
seria o grande propulsor dos estudos germânicos. A moderna
biologia dependia das novas metodologias em coloração
e em técnicas microscópicas para suas análises
e experimentações. Com o avanço de suas pesquisas,
os partidários das novas metodologias passaram a contestar
o ensino da história natural tal como era praticado pelos
zoólogos das faculdades de filosofia. Os que se dedicavam
simplesmente à taxonomia não estariam fazendo ciência,
devendo os estudos zoológicos e botânicos incluir
a morfologia associada aos estudos filogenéticos.
A pressão exercida por zoólogos oriundos das faculdades
de medicina levou à substituição gradativa
do controle da cadeira de zoologia nas faculdades de filosofia,
passando então os estudos morfológicos a imperar
nos cursos de zoologia. Ao final do século XIX, quase todas
as cadeiras de zoologia na Alemanha estavam sob responsabilidade
de morfologistas, com a zoologia sistemática pura não
sendo quase ministrada. Quanto à fisiologia, tornou-se
uma disciplina à parte com o advento do Darwinismo, ao
passo que a morfologia passou a incorporar os estudos ontogenéticos
visando à filogenia.
Um dos principais desdobramentos das pesquisas zoológicas
foram os estudos em entomologia médico-veterinária,
que começaram a despontar na Alemanha a partir da segunda
metade do século XIX. Impulsionados pelo desenvolvimento
da helmintologia e da entomologia aplicadas, e também pela
comprovação de que os insetos transmitiam doenças
aos humanos, eles deram origem a uma nova geração
de médicos treinados na busca de possíveis vetores
e de zoólogos dedicados ao inventariamento dos artrópodes
hematófagos. Novos cursos surgiram então nos institutos
médicos e a entomologia médica passou a fazer parte
dos currículos.
A escola alemã, responsável em grande parte pelo
desenvolvimento dessa “nova biologia” e dos estudos
zoológicos capitaneados pela parasitologia, exerceu grande
influência na formação de pesquisadores de
diferentes nacionalidades. Entre seus quadros avançados
destacou-se a figura de Karl Georg Friedrich Rudolf Leuckart (1822-1898),
que, na segunda metade do século XIX, marcou toda uma geração
de novos pesquisadores em todo o mundo, incluindo, entre eles,
o médico brasileiro Adolpho Lutz
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