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undada
em 1348 por Carlos IV, rei da Boêmia e imperador do Sacro
Império Romano-Germânico, a Czech Universita Karlova,
também conhecida como Universidade de Praga, foi a primeira
instituição do gênero na Europa
central. De acordo com as concepções
medievais, foi composta por quatro faculdades – teologia,
direito, medicina e artes.
A íntima relação entre a Universidade de
Praga e os destinos do Estado e povo tchecos estende-se da sua
criação aos séculos seguintes. A derrota
dos estados boêmios em 1620 e a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)
foram funestos para a instituição. Em 1622, um decreto
de Ferdinando II, imperador do Sacro Império, concedeu
aos jesuítas o controle do sistema educacional da Boêmia,
Morávia e Silésia. Fundou-se na ocasião a
Universidade Carlos-Ferdinando, uma espécie de sucedânea
da Czech Universita Karlova, e no século XVIII algumas
mudanças estreitaram ainda mais os laços dessa Universidade
com os poderes seculares. Entre as décadas de 1770 e 1790
uma série de reformas afastou os jesuítas, permitiu
o ingresso de estudantes não-católicos (inclusive
judeus), a entrada de professores protestantes e a incorporação
da língua alemã como substituta do latim no ensino
– somente teologia pastoral e obstetrícia eram ensinados
em tcheco.
Estudantes da Universidade aderiram às revoltas
de 1848 em defesa de mudanças liberais e democráticas
(liberdade de ensino, eleição de reitores e decanos,
por exemplo), alcançadas por um curto período. Contudo,
na fase absolutista subseqüente (representada pelo imperador
da Áustria Francisco
José I) o movimento estudantil foi duramente
reprimido e as reformas liberais desmanteladas. Diante da crescente
pressão exercida pelo tchecos, o governo de Viena dividiu
a universidade em duas, uma germânica e outra tcheca, em
1882.
Graças à atuação de membros tchecos
da universidade de Praga, criou-se em 1918 a Tchecoslováquia,
que por sua vez reforçou em grande medida a importância
acadêmica e cultural daquela instituição.
Mas, assolado por divergências internas e garantido por
frágeis apoios externos, o Estado tchecoslovaco não
teve força suficiente para resistir aos alemães.
A ocupação nazista em 1939 representou um duro golpe
para a universidade, que foi fechada em novembro do mesmo ano
e teve muitos de seus professores e alunos perseguidos, presos
e assassinados em campos de concentração. A parte
germânica da instituição esteve em igual situação
até essa época, quando foi proclamada Universidade
do Reich (abolida em 1945).
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a libertação
da Tchecoslováquia pelos russos, a Universidade de Praga
começou a desenvolver-se rapidamente. A vida universitária
foi breve, porém, pois outro golpe foi dado em fevereiro
de 1948: o secretário-geral do Partido Comunista tcheco,
Klement Gottwald, assumiu a presidência da República.
A ascensão de um socialismo deturpado – o país
tornou-se república socialista em 1960 – representou
expurgos, o fim das liberdades acadêmicas e a repressão
às divergências. Em 1968, reformas destinadas a tornar
mais liberal o regime comunista, propostas por professores, estudantes
e pelo então secretário do Partido Comunista, Alexander
Dubcek, foram duramente rechaçadas por uma intervenção
militar soviética que pôs fim ao período denominado
Primavera de Praga. Uma nova e dolorosa onda de expurgos abateu-se
sobre a universidade. Somente após 1989, quando o escritor
Václav Havel elegeu-se o primeiro presidente não-comunista
desde 1948, houve mudanças reais na situação
que havia perdurado por quarenta anos. Em janeiro de 1990, um
decreto buscou instituir uma comunidade acadêmica livre,
marco inicial nos esforços sistemáticos para transformar
o perfil educacional e acadêmico herdado pela instituição.
Nos dias atuais, a Universidade de Praga abrange as faculdades
de matemática e física, ciências naturais,
medicina geral, pediatria, humanidades, direito, jornalismo e
educação. Compreende, ainda, o Instituto Astronômico
e o Instituto de Educação para Professores.
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