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Lister nasceu em Upton, Inglaterra, a 5 de abril de
1827. Com o pai, recebeu as primeiras lições em
história natural e aprendeu a manejar o microscópio.
De família protestante, estudou em duas instituições
mantidas pela Sociedade dos Amigos, associação religiosa
inglesa fundada no século XVII – as escolas Quaker
eram conhecidas pela atenção dedicada ao ensino
de ciências e história natural.
Em outubro de 1848, ingressou no University College of London
e, quatro anos depois, graduou-se em medicina. Tornou-se membro
do Colégio Real de Cirurgiões e cirurgião-residente
no hospital do University College. Em 1853, tornou-se assistente
do professor e cirurgião James Syme, seu futuro sogro.
Nomeado cirurgião da Enfermaria Real de Edimburgo em outubro
de 1856, Lister publicou, no ano seguinte, seu primeiro trabalho,
The Early States of Inflammation, um estudo dos casos
de piemia e gangrena que observara em Londres.
Em 1860, foi nomeado professor catedrático de cirurgia
da Universidade de Glasgow. Como cirurgião da Enfermaria
Real, relatou a alta incidência de mortes causadas por infecção
entre pacientes amputados. Segundo Lister, a infecção
das feridas era causada por algum elemento estranho presente no
sangue, constituindo uma forma de putrefação das
incisões cirúrgicas. Opôs-se, dessa forma,
à teoria em vigor dos miasmas e à crença
de que organismos vivos pudessem ser gerados espontaneamente.
Lister encontraria a confirmação de suas teses nos
estudos de Pasteur sobre as relações entre os microrganismos
e os processos de fermentação.
Lister acreditou inicialmente que os micróbios responsáveis
pelas infecções eram transmitidos pelo ar, e concentrou
suas atenções na criação de um meio
de desinfecção do campo operatório. Propôs
a vaporização de ácido carbólico (ácido
fênico) sobre a região onde seria realizado o ato
cirúrgico. Lister experimentou pela primeira vez seu método
no dia 12 de agosto de 1865, durante operação, em
Glasgow, de um menino com fratura exposta da tíbia. A mesa
de cirurgia foi continuamente pulverizada com ácido por
meio de um vaporizador de perfume adaptado por Lister. Mais tarde,
ele aperfeiçoaria os vaporizadores, criando seu próprio
"burro
mecânico", um tripé de madeira com
um vidro de ácido carbólico que era vaporizado manualmente
por meio de uma alavanca.
Os resultados de suas bem-sucedidas experiências com o fenol
foram descritos em On a new method of treating compound fracture,
abcess etc. e em On the antiseptic principle in the practice of
surgery, publicados em 1867. Esses trabalhos inauguraram uma nova
fase na história da cirurgia, a chamada medicina anti-séptica.
Após a adoção do método de Lister,
o número de mortes por infecções pós-operatórias
reduziu-se drasticamente na Enfermaria Masculina de Glasgow, caindo
de 45% para 15% entre 1865 e 1869.
Nos anos seguintes, Lister continuou pesquisando métodos
mais eficientes no combate às infecções cirúrgicas.
Desenvolveu novas técnicas e propagou o uso do categute
nas suturas. O próprio método anti-séptico
seria posteriormente suplantado pela assepsia.
Em 1869, Lister assumiu a cátedra de cirurgia clínica
da Universidade de Edimburgo. No ano seguinte, publicou On the
efects of the antiseptic treatment upon the salubrity of a surgical
hospital. Professor catedrático de cirurgia do Colégio
Real de Londres (1877-1892), em 1883 foi condecorado com o título
de barão de Lyme Regis. Em 1897, tornou-se o primeiro médico
a entrar para a Câmara dos Lordes. Em sua homenagem, o antigo
Instituto Britânico de Profilaxia foi rebatizado como Instituto
Lister de Medicina Preventiva em 1903.
Lister teve mais sorte que outro precursor da moderna cirurgia,
o médico húngaro Ignác Fülöp Semmelweis
que, em meados do século, foi expulso da maternidade do
Hospital Geral de Viena depois que passou a tentar convencer seus
pares da necessidade de regras de assepsia no trato com os doentes.
Embora não tenha escrito nenhum livro, Lister contribuiu
com vários artigos em periódicos especializados,
reunidos em The Collected Papers of Joseph, Baron Lister (1909).
Faleceu em Walmer, Inglaterra, no dia 10 de fevereiro de 1912.
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