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levou consigo para o Havaí grande suprimento de drogas
que reuniu na Alemanha. Entre as substâncias de uso interno,
a principal era o óleo de chalmugra,
administrado por via oral ou hipodérmica, extraído
de sementes maduras de plantas nativas da região indo-malaia.
O consumo dessas plantas por vítimas da lepra já
era mencionado em livros budistas milenares. No Japão e
na Índia eram usadas muito antes de os ingleses importarem,
no século XIX, esse conhecimento que então se difundiu
pela medicina acadêmica européia. Lutz administrava
a seus pacientes até 2,8 gramas, três vezes ao dia,
ou doses ainda mais elevadas, procurando neutralizar os efeitos
colaterais, sobretudo os enjôos, com outras drogas. Lutz
usou, também, o ácido ginocárdico, princípio
ativo da chalmugra, preparado pela Merck. Até a introdução
do Promin, em 1942, o óleo de chalmugra e seus derivados
eram os únicos tratamentos disponíveis e medianamente
eficazes.
Outros medicamentos empregados por Lutz eram o salol, combinação
dos ácidos carbólico e salicílico, e o salicilato
de sódio, antissépticos e antitérmicos que
já utilizara durante a epidemia de febre amarela em Campinas,
em 1889, e no tratamento de dois hansenianos em São Paulo.
O creosoto vegetal, extraído da faia, vinha sendo recomendado
contra a lepra. A parte mais ativa desse composto, o guaiacol,
era usada no tratamento da tuberculose pulmonar e como antisséptico
local. Lutz levou cem gramas do preparado puro, mas não
obteve elementos para avaliar sua eficácia.
No tratamento sintomático de fortes dores neurálgicas,
a antipirina deu bons resultados.
Como era muito comum a combinação de lepra e sífilis
no Havaí, Lutz administrava a seus pacientes iodo e mercúrio,
apesar dos efeitos tóxicos dessas substâncias. O
ácido arsenioso não apresentou resultados favoráveis,
sendo descartado. Usou ainda a hidraste, de propriedades tônicas,
antitérmicas e diuréticas, e o veratro, que externamente
dava bons resultados em diversas doenças cutâneas.
O tratamento apresentou melhores resultados nos casos de lepra
tuberculosa, especialmente no início da doença.
A terapêutica de Lutz consistia em tratamento externo, menos
eficaz quando havia contraturas e atrofia musculares combinadas
à anestesia.
Entre os medicamentos de uso externo, o principal era a crisarobina,
extraída do pó-de-goa, detrito vegetal encontrado
nos troncos ocos de uma árvore brasileira, a angelim-araroba.
Usada no Brasil contra várias doenças da pele, o
medicamento logo foi adotado pelos dermatologistas europeus, tornando-se
o principal recurso contra a psoríase. Unna foi o primeiro
a chamar atenção para o fato de que a crisarobina
fazia desaparecer os tubérculos leprosos, sobretudo os
antigos. Lutz julgava possível obter o mesmo resultado
nas erupções da forma maculonervosa, especialmente
nas manchas similares à psoríase. Testou, ainda,
o uso externo de iodo, hidroxilamina, estricnina, ácido
tânico e ictiol.
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