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setembro de 1891, Adolpho Lutz publicou em “Correspondência
de Honolulu”, no Monatshefte für Praktische Dermatologie,
a primeira descrição que se fez das chamadas nodosidades
justarticulares. Lutz referiu-se aí a uma afecção
que observou muitas vezes em nativos e estrangeiros, alguns deles
portadores da lepra e todos suspeitos de terem sífilis.
Eram tumores situados sempre perto de um osso, em geral nas vizinhanças
de uma articulação, nos cotovelos, próximo
a uma costela, no quadril, nos antebraços e nos dedos.
Esses tumores diferiam dos condromas e das exostoses pela falta
de continuidade com o osso, e regrediam sob a ação
do iodeto de potássio.
Em 1904, Antoine
Edouard Jeanselme, sem ter conhecimento do trabalho
de Lutz, fez comunicação ao Congresso Colonial de
Paris de casos idênticos que observara em 1889 e 1900, durante
viagem pela Indochina. Em seguida, descreveu as nodosidades justarticulares
em seu Précis de pathologie exotique (1909), e
daí por diante os autores estrangeiros passaram a associar
seu nome ao mal descrito primeiramente por Lutz.
Na realidade, vários outros investigadores o descreveram
mais ou menos à mesma época em que o parasitologista
francês. Steiner relatou ocorrência de “nodosidades
múltiplas subcutâneas, duras e fibrinosas”
na ilha de Java – e uma das expressões ainda hoje
usadas para designá-las é síndrome de Steiner.
Ela foi estudada por Lustig, Gross, Brault, Neveux, Leboeuf, Ouzillau
e Brumpt. No Brasil, o primeiro a relatar um caso foi Eduardo
Rabello, em sessão de 4 de agosto de 1916 à Sociedade
Brasileira de Dermatologia. Daí por diante, as nodosidades
justarticulares de Lutz-Jeanselme, como são denominadas
hoje, passaram a ser estudadas por outros médicos brasileiros,
como Flaviano Silva e Sielberberg.
Várias etiologias foram propostas para explicar o mal.
Carougeau descobriu cogumelos nos nódulos dos doentes e
Lusting descreveu um cogumelo como produtor das nodosidades. A
teoria micótica foi abraçada por Steiner, Fontoynont
e MacGregor. Jeanselme acreditava numa etiologia parasitária
ainda desconhecida, mas suas pesquisas foram infrutíferas.
Para outros, os nódulos eram apenas gomas tuberculosas
esclerosadas e calcificadas. Teorias concorrentes relacionavam-nos
à sífilis e à bouba. Lutz foi o primeiro
a lançar a hipótese da origem sifilítica
(contestada por Jeanselme) das nodosidades, ao observar a ação
benéfica do iodeto de potássio e do mercúrio
sobre as lesões. Silva Araújo defendeu esta teoria,
partilhada, na França, por Foley, Parot, Gougerot, Brunstig,
Gange e Argaud.
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