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o
trabalho publicado em 1886, Adolpho Lutz procurou demonstrar que
os ‘’esquizomicetos’’ da lepra não
pertenciam à categoria dos ‘’bacilos legítimos,
formados por uma ou mais células cilíndricas’’,
pois seu componente elementar era uma pequena célula redonda,
semelhante a um coco, dotada de membrana que ia se tornando espessa
e colóide. Essas células sempre se desdobravam na
mesma direção, em séries lineares cujo desenho
assemelhava-se a colares de pérolas, aumentando cada vez
mais o envoltório gelatinoso à medida que o conjunto
ganhava novas camadas. Além disso, o aglomerado gelatinoso
podia fundir-se com os vizinhos para formar uma massa comum.
Análise comparativa desse microrganismo com o da tuberculose
levou Lutz a contestar o gênero Bacillus em que
eram classificados, e a propor que o de Hansen passasse a ser
chamado de Coccothrix leprae. Coccothrix provém
do grego Kokkos, que significa grão, semente, e thrix,
cabelo, sugerindo um rosário de cocos. A família
Coccothricaciae, criada por Lutz para abrigar os micróbios
da lepra, da tuberculose e seus congêneres, apresentava
características de duas famílias bacterianas –
as Coccaceas e Bacillaceas – situando-se,
porém, essencialmente no reino Fungi.
Sua proposta foi suplantada pela de Karl L. Lehmann e R. O. Neumann
que, em 1896, incluíram os agentes da lepra e da tuberculose
no gênero Mycobacterium
(do grego Mykes, fungo). Cunharam o nome em virtude da
aparência fungosa das cepas cultivadas em meio líquido.
Segundo a definição atual, micobactérias
são bactérias aeróbicas e álcool-acidorresistentes.
O gênero compreende trinta espécies que diferem das
demais bactérias por uma série de propriedades,
muitas relacionadas com a quantidade e os tipos de lipídios
contidos em suas paredes.
Lutz reivindicou a prioridade de sua classificação
Coccothrix leprae, mas ela foi negada em 1958 por uma
comissão encarregada de rever o Código Internacional
de Nomenclatura de Bactérias e Vírus. Alegou-se
que o gênero Coccothrix Lutz 1886 não fora
publicado de maneira válida porque o autor não usara
aquele nome genérico em combinação binária
com uma e outra espécie por ele incluída no gênero
(bacilos da lepra e da tuberculose), e também porque não
citara descrições dessas espécies previamente
publicadas com outros nomes.
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