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surtos
de cólera, febre tifóide,
febre amarela, malária e outras doenças, como as
disenterias e a tuberculose, revelam a importância que a
bacteriologia adquiria na saúde pública no final
do século XIX. Os diagnósticos de Adolpho Lutz e
de alguns profissionais mais jovens que começavam a se
destacar no Rio de Janeiro estavam calçados em provas laboratoriais
inacessíveis à maioria dos médicos. A década
de 1890 está repleta de conflitos envolvendo a identificação
e, por conseqüência, a profilaxia e o tratamento de
doenças em núcleos urbanos e zonas rurais da região
Sudeste, fortemente afetada pela imigração estrangeira,
pela mudança de regime político, pela industrialização
e pelos desdobramentos socioeconômicos da derrocada do escravismo.
Tais conflitos tornaram ainda mais beligerante a conjuntura de
consolidação da República oligárquica,
convulsionada pela Revolta
da Armada (setembro de 1893 a março de 1894),
pela Revolução
Federalista (1893-1895), pela Revolta
de Canudos (junho de 1896 a outubro de 1897) e pelo
assassinato do ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt
(5 de novembro de 1897). Esses eventos mereceram considerável
atenção dos jornais e influenciaram não apenas
a repercussão como os alinhamentos de forças nas
freqüentes crises sanitárias.
Diversas unidades da Federação reaparelhavam-se
ou adotavam serviços de higiene próprios, que previam
laboratórios de análises químicas e bacteriológicas.
Na verdade, demorou muito até que se tornassem realidade,
na maioria dos estados. No eixo Rio–São Paulo, já
na década de 1890, a bacteriologia cumpriu papel decisivo
no enfrentamento dos problemas sanitários, graças
à atuação daquele segmento ainda restrito
de profissionais dotados da proficiência, dos recursos técnicos
e da ambição necessários para amplificar
a relevância social da disciplina.
Lutz era o quadro tecnicamente mais qualificado entre os bacteriologistas
brasileiros de então. Entre os episódios vivenciados
por ele, dois foram particularmente rumorosos: o do cólera
e o da febre tifóide.
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