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Auguste-Henri
Forel nasceu em La Gracieuse, numa propriedade rural perto de
Morges, Suíça, no dia 1º de setembro de 1848.
Realizou os estudos secundários no Collège Cantonal
de Lausanne e em 1866 ingressou no curso de medicina da Universidade
de Zurique. Após concluir sua graduação em
1871, prestou exame médico cantonal em Lausanne, mas, por
contingências políticas locais, não chegou
a ser aprovado.
Fascinado pela vida dos insetos, desde muito cedo Forel revelou
interesse pelo estudo das formigas. Ainda em 1871, percorreu diversas
regiões do país em busca de material para uma monografia
sobre o assunto. Os resultados de suas observações
logo lhe trouxeram grande reputação como entomologista
e Forel tornou-se membro da Sociedade de Entomologia da Suíça.
Influenciado pelos estudos de Alois von Gudden (1824-1886), Forel
dedicou-se também à psiquiatria, embora nunca tenha
se afastado das ciências naturais. Estudioso do hipnotismo,
tornou-se uma autoridade no emprego da hipnose em tratamentos
de perturbações mentais.
No inverno de 1871-1872 transferiu-se para Viena, onde realizou
estudos em neuroanatomia e escreveu sua tese sobre o tálamo
óptico dos mamíferos. Orientado por Theodore Hermann
Meynert (1833-1892), teve seu trabalho publicado nos Proceedings
of the Vienna Academy of Sciences, em 1872, ano em que foi
aprovado no exame médico cantonal em Lausanne. Em 1873,
tornou-se professor da Ludwig-Maximilians-Universität, em
Munique, onde também atuou como médico-assistente
do Kreisirrenanstalt (hospício municipal) sob orientação
de Bernard Aloys von Gudden. Em 1877 recebeu o título de
professor livre-docente com um trabalho sobre a região
do tegumento, no qual descreveu várias estruturas cerebrais
até então desconhecidas. Forel foi designado professor
de psiquiatria da Universidade de Zurique em 1879, ano em que
assumiu a direção do asilo cantonal Burghölzli,
na mesma cidade.
Seus estudos sobre a estrutura do cérebro humano fizeram
de Forel um dos mestres no desenvolvimento da anatomia microscópica
do sistema nervoso. Forel foi autor de estudos notáveis
da topografia do trigeminal, nervo vago e nervos da região
hipoglossal. Forneceu, além disso, uma descrição
tão precisa do hipotálamo que uma de suas regiões,
o núcleo hipotalâmico, passou a ser chamada de campo
de Forel ou corpo de Forel em sua homenagem. Em 1885 descobriu
a origem do nervo acústico no cérebro e, dois anos
depois, formulou o conceito de unidades celulares e funcionais,
tornando-se, juntamente com Wilhelm His (1831-1904) e Fridtjof
Nansen (1861-1930), um dos fundadores da moderna teoria do neurônio.
Embora tenha sido um dos psiquiatras mais importantes do século
XX, foi como entomologista que obteve maior reconhecimento. Forel
descreveu a morfologia interna das formigas e estudou a psicologia
social desses insetos. Propôs uma nova taxonomia para o
grupo e descreveu várias espécies de himenópteros,
encontrando mais de 3.500 espécies novas. Realizou, além
disso, várias expedições para as Américas
do Norte e do Sul, África e Bulgária, tornando-se
um dos maiores colecionadores de formigas do mundo.
Ativista das reformas sociais, Forel abraçou a causa pacifista
e liderou campanhas de prevenção contra o alcoolismo.
Em 1889, fundou em Zurique o Asile d’Ellikon, instituição
voltada para o tratamento dos dependentes de álcool. Foi
também autor de importantes propostas que ajudaram a reformular
o código penal suíço.
Juntamente com Cécile e Oskar Vogt, fundou o Journal
für Psychologie und Neurologie. Foi ainda co-editor
do Internationale Monatsschrift zur Bekämpfung der Trinksitten
e, ao lado de Grossman Forel, um dos fundadores do diário
Zeitschrift für Hypnotismus. Seu livro La question
sexuelle foi traduzido para cerca de vinte idiomas.
Faleceu em Yvorne, aos 82 anos, em 27 de julho de 1931.
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