|
Philipp Martin
Ficker nasceu em Sohland a. d. Spree, Alemanha, em 17 de novembro
de 1868. Formado em medicina pela Universidade de Bresslau, trabalhou
como assistente de F. Hoffmann no Instituto de Higiene de Leipzig
(1896-1901) e foi professor de microbiologia da Universidade de
Berlim a partir de 1903. Teve entre seus alunos o médico
brasileiro Henrique da Rocha Lima, primeiro cientista a isolar
a bactéria causadora do tifo.
Em 1913, já então um renomado bacteriologista por
suas pesquisas sobre o diagnóstico do tifo, Ficker foi
contratado pelo governo paulista com a missão de reestruturar
o Instituto Bacteriológico de São Paulo, que então
passava por uma grave crise administrativa e financeira. Num relatório
escrito ainda no mesmo ano, Ficker apontou os principais entraves
ao desenvolvimento do Instituto. Expôs as deficiências
de suas instalações e equipamentos e criticou a
orientação profissional adotada, a qual, voltada
sobretudo para as questões ordinárias da saúde
pública, deixava em segundo plano o desenvolvimento de
uma formação científica mais ampla, baseada
nos ensinamentos das ciências naturais.
Ficker, que via como exemplar a experiência de Manguinhos,
sugeriu algumas medidas para reerguer o Instituto Bacteriológico.
Propôs, entre outras ações, o incremento das
pesquisas sobre doenças infecciosas, a intensificação
das atividades práticas no combate às enfermidades
e a adoção da instrução formal, incluindo
cursos de aperfeiçoamento para médicos, parteiras
e enfermeiros. Embora suas propostas tenham sido consideradas
irrealizáveis, algumas instalações do Instituto
foram reformadas no ano seguinte.
Ainda em 1914, Ficker e Theodoro da Silva Bayma assinalaram a
ocorrência das disenterias amebiana e bacilar em São
Paulo e conseguiram isolar seus agentes. Também com a ajuda
de Bayma, Ficker preparou uma vacina polivalente contra o tifo,
que passou a ser usada em larga escala na capital paulista. Em
sua passagem pelo Bacteriológico, também coordenou
e ministrou cursos práticos em bacteriologia clínica
direcionados aos inspetores sanitários e freqüentados
por médicos e acadêmicos do estado. Com a eclosão
da Primeira Guerra Mundial, retornou à Alemanha e tornou-se
chefe de departamento na Sociedade Kaiser-Wilhelm (atual Instituto
Max Planck), instituição voltada para a pesquisa
científica, fundada em Berlim em 1911. Durante o conflito,
realizou pesquisas sobre gases combustíveis tóxicos.
Depois de sua saída, a crise no Bacteriológico agravou-se,
culminando com o fechamento da instituição em julho
de 1925. Após a guerra, Ficker voltou ao Brasil e, em 1926,
assumiu o cargo de diretor de pesquisa da estação
de microbiologia da Sociedade Kaiser-Wilhelm em São Paulo,
função que exerceu até a Segunda Guerra Mundial.
Além das investigações sobre o tifo, realizou
estudos sobre os microrganismos presentes na atmosfera e desenvolveu
novos métodos de coloração e cultivo em bacteriologia.
Também pesquisou formas de diagnóstico para a lepra.
Faleceu em São Paulo a 22 de novembro de 1950.
|
|