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A febre amarela entra no debate

O bacilo de Giuseppe Sanarelli 

Acomunicação feita por Sanarelli em Montevidéu, Uruguai, em 10 de junho de 1897, estiveram presentes vários bacteriologistas atuantes no continente americano. Da comitiva brasileira fizeram parte Adolpho Lutz e Arthur Mendonça, representando o governo paulista, João Batista de Lacerda, representante do governo brasileiro, além de Francisco Fajardo, Chapot Prévost e Virgílio Ottoni, delegados do Rio de Janeiro.

A princípio, pareceu a Lutz que o bacilo icteróide era apenas uma das inúmeras variedades do colibacilo, que costumava ser muito virulento para os animais quando isolado de doentes de febre amarela. Além disso, Saranelli só encontrara aquela bactéria no sangue e nas vísceras de cerca de 50% dos casos, proporção muito inferior àquela encontrada em outras doenças microbianas.

As dificuldades apontadas por Lutz inviabilizavam um método seguro para o diagnóstico clínico, mas o isolamento do bacilo em cultura pura tornava possível um soro com propriedades curativas e preventivas. Sanarelli passou logo às experiências de imunização, e, em fevereiro de 1898 deu início aos estudos de campo em São Carlos do Pinhal, no Estado de São Paulo. O teste foi supervisionado por uma comissão presidida por Silva Pinto, diretor do Serviço Sanitário de São Paulo, e integrada por Adolpho Lutz, Vital Brazil e Arthur Mendonça, entre outros. Na primeira experiência, foram aplicadas pequenas doses do soro em oito pacientes, dos quais dois se restabeleceram e seis não reagiram ao tratamento. Nova série foi então iniciada, com 14 doentes em estado grave, dos quais quatro morreram. Sanarelli perdeu, ao todo, seis dos 22 inoculados, o que dava a taxa de mortalidade pouco animadora de 27,27%.

Os bacteriologistas chefiados por Adolpho Lutz confirmaram a presença do bacilo icteróide no sangue dos doentes, contestando a antiga tradição segundo a qual a doença não seria capaz de abandonar o litoral para se internar a oitocentos ou novecentos metros acima do nível do mar. Lutz corroborou a primeira parte da descoberta de Sanarelli, mas rejeitou a soroterapia proposta por ele.