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Outros estudos zoológicos de Lutz em Manguinhos

Sempre preocupado com questões de zoologia médica, Adolpho Lutz publicou estudo sobre caramujos de água doce do gênero Planorbis em 1918, investigação que se articula com as que desenvolvia, na mesma época, sobre a esquistossomose. Em 1921, resenhou texto de Alfonso Splendore a respeito dos parasitos de camundongos campestres da espécie Pitymis savii. No ano seguinte, com a colaboração de Oswaldo de Mello Campos, publicou três estudos sobre escorpiões: o primeiro revelava cinco novas espécies brasileiras dos gêneros Tityus e Rhopalurus; o segundo, uma espécie nova, Rhopalurus melleipalpus; o terceiro trazia uma lista das espécies do gênero Tityus C. L. Koch, com sinonímia, distribuição geográfica e chave sistemática.

Mello Campos era pesquisador da filial do Instituto Oswaldo Cruz inaugurada em 1906 em Belo Horizonte, a recém-criada capital de Minas Gerais. O escorpionismo foi objeto constante de preocupação desse laboratório (atual Instituto Biológico Ezequiel Dias), por ser responsável por numerosos acidentes fatais naquela cidade.

Em 1922, Adolpho Lutz escreveu com Mello Campos dois artigos em que tratava de novas espécies de ofídios do estado de Minas Gerais. A partir de então, dedicou-se cada vez mais ao estudo sistemático de um grupo específico de vertebrados, os anfíbios anuros, tema de interesse puramente biológico que o levou à descrição de diversas formas representativas da fauna brasileira.

Em 1924, Lutz divulgou dois trabalhos a esse respeito: no primeiro, distinguia nove espécies de rãs; no segundo, descrevia os hábitos de pequenas rãs encontradas nos arredores do Rio de Janeiro. Em Batraciens du Brésil. Diagnoses d’espèces nouvelles (1925), Lutz apresenta 125 espécies representadas na coleção do Instituto Oswaldo Cruz, das quais cerca de 25% eram consideradas novas, sendo 11 representadas nesse trabalho por meio de aquarelas e 12, mediante fotografias. Em 1926, Lutz publicou, em português e inglês, trabalho sobre 30 espécies novas que havia descrito em artigos de 1924 e 1925. No mesmo ano, divulgou a chave diferencial das espécies brasileiras do gênero Leptodactylus Fitzinger, e duas espécies novas de batráquios brasileiros. Estudou a biologia e a metamorfose dos batráquios do gênero Cyclorhamphus em 1928; e, no ano seguinte, uma nova espécie de Hyla. Em 1930, descreveu a biologia, taxonomia e ontogênese da subfamília das Elosiinas. Dois anos depois, publicou suas observações a respeito de duas espécies – Leptodactylus parvulus e Dendrophryniscuss brevipollicatus; mostrou que a primeira põe os ovos sobre folhas, em cavidades do solo seco, enquanto a D. brevipollicatus os põe na água acumulada entre as folhas de bromélias. Em 1934, as Memórias do Instituto Oswaldo Cruz divulgaram, em português e alemão, notas de Lutz sobre espécies brasileiras do gênero Bufo, com numerosas observações sobre as complexas espécies desse gênero de sapos, que apresentam dicromatismo sexual e freqüentes mudanças de cor.

Já muito idoso e com a visão seriamente comprometida, o cientista passou a contar com a ajuda da filha Bertha Lutz, com quem escreveu os três últimos trabalhos sobre anuros. O primeiro, de 1937, tratava da espécie Hyla aurantiaca. Os outros dois vieram a lume em 1939: um descrevia diversas espécies do Rio de Janeiro, São Paulo, Nordeste e Leste do Brasil; o outro divulgava observações sobre as espécies de Phyllomedusa presentes sobretudo no território fluminense. Na época, Bertha Lutz iniciou o registro de sons de anfíbios.