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O desvendamento da esquistossomose

Já em Limeira, na década de 1880, Adolpho Lutz pesquisava helmintos e as patologias por eles ocasionadas em seus hospedeiros humanos e animais. No Havaí (1889-1891), deu prosseguimento às investigações sobre verminoses. Datam dessa época os trabalhos sobre a fascíola hepática e seus transmissores, que o levaram a estudar os caramujos existentes nas diferentes partes das ilhas onde havia criação de carneiros. Tais estudos prepararam-no para o que se considera sua maior contribuição à zoologia médica no Brasil, feita mais tarde, já como pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz: suas pesquisas sobre o Schistosoma mansoni e os moluscos responsáveis pela propagação da doença que ele causava em seus hospedeiros humanos, a esquistossomose. Em nota prévia publicada em O Brazil-Médico, em 1916, sobre a evolução do parasito, o próprio Lutz reconheceria a importância do preparo e dos conhecimentos em malacologia adquiridos no Havaí.

Em 1917, publicou dois outros artigos com observações sobre a evolução do S. mansoni. No ano seguinte, viajou para o Nordeste do Brasil com Oswino Penna: percorreram os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Bahia, e publicaram depois estudos sobre a distribuição e incidência da esquistossomose naqueles estados, no primeiro inquérito a esse respeito feito no Brasil. Em 1919, Lutz publicou novo artigo sobre o S. mansoni e a esquistossomose com base nas observações feitas no Brasil. Mais extenso, é na verdade uma monografia sobre diversos aspectos da helmintose, inclusive o ciclo evolutivo de seu agente. Anos depois, em 1928, publicaria Bilharziazis oder Schistosomum infektionen, em colaboração com seu filho, Gualter A. Lutz. Finalmente, em 1934, publicou texto em francês sobre a transmissão do S. mansoni em Minas Gerais pelo Planorbis centimetralis.

Contribuição técnica importante do cientista brasileiro foi o método de enriquecimento de ovos de S. mansoni em fezes humanas que desenvolveu durante suas pesquisas. Além dos textos que escreveu, formou coleção que totalizaria 3.214 exemplares de Planorbis, gênero de caramujos que compreende algumas espécies transmissoras da doença.

Sempre na interseção entre medicina e história natural, Lutz relacionava os helmintos e seus hospedeiros a problemas clínicos e sanitários, abordando-os de diversos pontos de vista.