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Estudos superiores e de especialização

Universidade de Estrasburgo

Situada na região da Alsácia-Lorena, a Universidade de Estrasburgo, assim como sua cidade-sede, tem boa parte de sua história marcada pelos conflitos de interesses entre franceses e alemães. As origens da Universidade remontam ao período da Reforma, quando, no século XVI, Johannes Sturm, educador alemão que havia abraçado a fé protestante, refugiou-se em Estrasburgo e fundou, em 1538, o Gymnasium. A partir dessa instituição, que adquiriu rápido sucesso e tornou-se modelo para escolas secundárias nos países protestantes durante a Reforma, fundou-se uma Academia em 1566, elevada à condição de universidade em 1621.

Sob domínio da França de Luís XIV desde 1681, Estrasburgo passou a sediar em 1685 o colégio Jesuíta de Molsheim, transformado em universidade nas primeiras décadas do século XVIII. Na ocasião, o rei pretendia opor ao Gymnasium protestante um colégio católico que pudesse “impedir o crescimento da heresia de Lutero na Alsácia”. Os dois estabelecimentos coabitariam Estrasburgo até a Revolução Francesa, quando os colégios e as faculdades foram suprimidos, em 1793. A universidade luterana ainda foi mantida por algum tempo graças a um decreto da Assembléia Nacional, mas a rejeição às instituições do Antigo Regime por parte da Revolução acabou por suprimi-la também.

Ao longo de boa parte do século XIX, a antiga universidade de Estrasburgo manteve-se fragmentada em diversas escolas e faculdades, e somente após 1871 foi reorganizada. No período em que esteve sob domínio do império alemão (1871-1919), que anexou a região da Alsácia e parte da Lorena após a vitória na guerra franco-prussiana, a instituição passou a ser utilizada pelo imperador Guilherme I como uma espécie de vitrine da “excelência alemã”. Adquiriu, entre outras coisas, novas construções para os institutos da faculdade de ciências e novas instalações – estufa para plantas, observatório e museu de zoologia, por exemplo.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), muitos estudantes e professores da Universidade de Estrasburgo transferiram-se para Clairevivre e Clermont-Ferrand, pois a Alsácia, que havia sido retomada pelos franceses em 1919, foi novamente ocupada pelos alemães. Após o conflito mundial, a instituição presenciou, especialmente na década de 1960, um considerável aumento da população estudantil. E, da mesma maneira que outras universidades espalhadas pelo país, a de Estrasburgo aderiu à série de eventos ocorridos em maio de 1968. As manifestações, fruto da crescente inquietação entre os estudantes franceses, que criticavam a incapacidade do sistema universitário para introduzir no mercado de trabalho um número cada vez maior de estudantes formados, sacudiu as estruturas tradicionais e pôs em questão a “esclerose” da universidade. Em julho de 1968, uma lei de orientação do ensino superior foi votada. A faculdade abriu novamente suas portas em outubro, partilhando de novos princípios tais como multidisciplinaridade, autonomia e participação.

As novas regras de gestão de estabelecimentos separaram, então, a universidade em três: Pasteur (Estrasburgo I), Ciências Humanas (Estrasburgo II) e Robert Schumann (Estrasburgo III). Em 1998, a Universidade de Ciências Humanas passou a denominar-se Marc Bloch. Além deste e de Pasteur, podem-se destacar nos quadros de Estrasburgo os nomes do poeta e filósofo alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), que lá terminou seus estudos de direito em 1771, do químico Charles-Frédéric Gerhardt (1816-1856), do historiador Numa Denis Fustel de Coulange (1830-1889) e do filósofo, músico e missionário alemão Albert Schweitzer (1875-1965), que estudou medicina naquela universidade entre 1905 e 1913.